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quarta-feira, 16 de abril de 2014

O vinho e o coração

Leslie Aloan, Presidente do INASE

É antigo o encantamento do vinho, que já foi cantado em prosa e verso  como  por Alberto Vieira (Obras Clássicas Sobre Literatura Del Vino) Pablo Neruda, (Estatuto del Vino, El Vino, Oda al Vino e El Vino), Omar Khayyam ( Rubayat ) e Nicanor Parra (Coplas del Vino), entre outros, a relação entre vinho e coração, sendo, no entanto, uma tendência à sua recomendação como prevenção (ao lado de outras medidas como atividade física, boa alimentação, etc.) das doenças cardíacas.
Este fato somente passou a ser amplamente debatido a partir de 17 de novembro de 1991, quando o programa de Marley Safer,“ 60 Minutes” da televisão americana CBS, abordou  o assunto sobre o  “ paradoxo francês ”.
De acordo com Elmano Marques, especialista no assunto, o que foi debatido  naquele programa  foram estudos médicos realizados na Europa e Estados Unidos, através dos quais se evidenciava inconsistência entre o estilo de vida e a incidência de doenças cardiovasculares na França. Ou seja, apesar de uma dieta rica em alimentos como manteiga, queijos, ovos, e com uma estimativa de 15% das calorias obtidas a partir de gorduras saturadas, tudo isso  aliado à pouca prática de exercícios, os franceses apresentavam  uma incidência de doenças cardíacas 40% menor do que os americanos. Foi sugerido dever-se ao hábito dos franceses em ingerir vinho tinto diariamente durante as refeições, o que aparentemente estaria relacionado com a proteção contra problemas cardiovasculares.
A partir dessa data, mais de 13 mil trabalhos foram publicados na literatura científica mostrando que o vinho tem as mais variadas virtudes terapêuticas.
Os componentes fenólicos, polifenóis e flavonóides, que contribuem ativamente nas propriedades sensoriais do vinho, atuam de forma marcante nos efeitos benéficos a saúde. Mais especificamente, o efeito cardioprotetor do vinho seria dado principalmente  pelo Resveratrol, que promoveria um aumento do  Colesterol HDL ( bom colesterol), através do aumento de suas sub-frações HDL2, HDL3 e das apolipoproteínas A-1 e apo A-2 e por uma ação antioxidante que levaria a diminuição do Colesterol LDL ( mal colesterol – responsável pela lesões ateroscleróticas das artérias). A ingesta moderada de vinho (uma a duas doses) promove elevação de aproximadamente 12% nos níveis de HDL colesterol, semelhante à encontrada com a prática de exercícios. No sistema de coagulação, o vinho atua inibindo a agregação plaquetária, elevando o ativador de plasminogênio e reduzindo as concentrações de fibrinogênio.
Como que a dar veracidade às descobertas científicas, um estudo publicado na revista Circulation (2001; 104:151), que avaliou pacientes que sofreram infarto do miocárdio, evidenciou que beber duas taças de vinho diariamente diminui a possibilidade de sofrer um segundo infarto do miocárdio ou outro tipo de complicação cardiovascular.

Portanto, o vinho e o coração mantêm uma estreita relação de amor e saúde.

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