Leslie Aloan, Presidente do INASE
É antigo o encantamento do vinho,
que já foi cantado em prosa e verso como
por Alberto Vieira (Obras Clássicas
Sobre Literatura Del Vino) Pablo Neruda, (Estatuto del Vino, El Vino, Oda al
Vino e El Vino), Omar Khayyam ( Rubayat ) e Nicanor Parra (Coplas del Vino),
entre outros, a relação entre vinho e coração, sendo, no entanto, uma tendência
à sua recomendação como prevenção (ao lado de outras medidas como atividade
física, boa alimentação, etc.) das doenças cardíacas.
Este fato somente passou a ser
amplamente debatido a partir de 17 de novembro de 1991, quando o programa de
Marley Safer,“ 60 Minutes” da televisão americana CBS, abordou o assunto sobre o “ paradoxo francês ”.
De acordo com Elmano Marques,
especialista no assunto, o que foi debatido
naquele programa foram estudos
médicos realizados na Europa e Estados Unidos, através dos quais se evidenciava
inconsistência entre o estilo de vida e a incidência de doenças
cardiovasculares na França. Ou seja, apesar de uma dieta rica em alimentos como
manteiga, queijos, ovos, e com uma estimativa de 15% das calorias obtidas a
partir de gorduras saturadas, tudo isso
aliado à pouca prática de exercícios, os franceses apresentavam uma incidência de doenças cardíacas 40% menor
do que os americanos. Foi sugerido dever-se ao hábito dos franceses em ingerir
vinho tinto diariamente durante as refeições, o que aparentemente estaria
relacionado com a proteção contra problemas cardiovasculares.
A partir dessa data, mais de 13
mil trabalhos foram publicados na literatura científica mostrando que o vinho
tem as mais variadas virtudes terapêuticas.
Os componentes fenólicos,
polifenóis e flavonóides, que contribuem ativamente nas propriedades sensoriais
do vinho, atuam de forma marcante nos efeitos benéficos a saúde. Mais
especificamente, o efeito cardioprotetor do vinho seria dado
principalmente pelo Resveratrol, que
promoveria um aumento do Colesterol HDL
( bom colesterol), através do aumento de suas sub-frações HDL2, HDL3 e das
apolipoproteínas A-1 e apo A-2 e por uma ação antioxidante que levaria a
diminuição do Colesterol LDL ( mal colesterol – responsável pela lesões
ateroscleróticas das artérias). A ingesta moderada de vinho (uma a duas doses)
promove elevação de aproximadamente 12% nos níveis de HDL colesterol,
semelhante à encontrada com a prática de exercícios. No sistema de coagulação,
o vinho atua inibindo a agregação plaquetária, elevando o ativador de
plasminogênio e reduzindo as concentrações de fibrinogênio.
Como que a dar veracidade às
descobertas científicas, um estudo publicado na revista Circulation (2001;
104:151), que avaliou pacientes que sofreram infarto do miocárdio, evidenciou
que beber duas taças de vinho diariamente diminui a possibilidade de sofrer um
segundo infarto do miocárdio ou outro tipo de complicação cardiovascular.
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