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quinta-feira, 24 de julho de 2014

A Medicina na Pré História - Parte 1

Leslie Aloan, Presidente do INASE

           Este artigo descreve um cenário do que seria a arte da Medicina na Pré História. O termo pré-história foi originalmente proposto pelo historiador e cientista Britânico Daniel Wilson, em 1851, (The Archaeology and Prehistoric Annals of Scotland).  Nesta obra Wilson definia a pré-história como o período da história que não deixou documentação escrita. É arbitrariamente dividida nos períodos Paleolítico e Neolítico.
            O Paleolítico caracterizou-se pelo período entre 600.000 e 10.000 anos atrás, chamado de Período da Pedra Lascada.  Na pré-história, a população era tanto escassa como remota. Pequenos grupos de seis a trinta membros vagueavam à cata de alimentos por áreas imensas. Com a agricultura, no período neolítico, ocorre uma grande expansão demográfica em torno de 9.000 anos atrás com aumento significativo da população como de aldeias.

            A transição para o período Neolítico deu-se de forma muito gradual entre 15 e 10.000 anos atrás. No final do Neolítico, as espécies abandonaram a pedra polida e passaram a utilizar os metais, principalmente o cobre, caracterizando este período (5000- 4000 anos) como a idade dos Metais. Aparece a escrita.  Estava começando a civilização.

          As doenças microbiológicas acompanham o homem desde a sua criação. Assim como o homem demorou 5 milhões de anos para se desenvolver a partir do seres primitivos unicelulares, muitos destes seres unicelulares seguiram caminho patogênico a outros animais primitivos  e ao próprio  homem. O estudo dos ossos do homem da pré- história, apontam que a expectativa de vida à época, era de aproximadamente 30 anos. Interessantemente, todos os relatos também apontam uma expectativa de vida maior para os homens e não para as mulheres, diferentemente dos dias atuais. Atribuiu-se esse achado à maternidade e à desnutrição crônica durante a vida das mulheres, já que o homem caçador tinha preferência na alimentação.
       
        O estudo dos fósseis mostra que o homem pré-histórico estava sujeito às doenças de modo semelhante ao que os homens modernos continuam enfrentando nos dias atuais. A fratura traumática foi uma das patologias mais frequentes. Em algumas delas foram confirmados sinais de infecção no osso traumatizado, a osteomielite, em tudo igual àquela encontrada nos hospitais de hoje. Também foi possível estabelecer a existência de doenças não traumáticas, como a denominada gota das cavernas, uma espécie de reumatismo do homem pré-histórico.  A tuberculose óssea na coluna vertebral foi documentada no esqueleto de homem do período Neolítico, em torno de 7.000 anos a.C. , constituindo, sem dúvida, o primeiro exemplar médico de tuberculose óssea.

          Perdura a questão da existência do ritual-mítico ligado à busca das causas e das soluções das doenças. Na gruta de Trois Fréres, na França, há uma pintura de um personagem em movimento de dança, datando de mais de 10.000 anos a.C., travestido de cervo, em atitude que sugere espécie de ritual médico-mítico, semelhante ao ritual da dança dos bisões, praticado pelos índios do norte dos Estados Unidos, durante cerimônia simbolizando o poder animal na cura das doenças.

             Durante o Neolítico, entre 10.000 a 7.000 anos a.C., o homem passou a incorporar métodos empíricos no tratamento das doenças. Estes métodos algumas vezes foram extremamente agressivos, como a trepanação do crânio, isto é, a abertura da cavidade craniana com o auxilio de instrumentos suficientemente fortes para cortar os ossos que protegem o cérebro. É facilmente comprovado que alguns destes homens pré-históricos que sofreram a craniotomia sobreviveram muito tempo à cirurgia, o suficiente para favorecer novo crescimento do osso cortado.

               Os primeiros seres humanos já no início do período Paleolítico encontram na magia as respostas para as suas dúvidas.  Os habitantes da região da serra de Atapuerca já depositavam os cadáveres em um lugar sagrado de sua caverna, em vez de abandoná-los no campo. Com o morto eram enterrados animais, comida, as armas e pertences pessoais. Pode-se deduzir, portanto, que acreditavam em uma vida após a morte e no sobrenatural em torno de 400 mil anos atrás. Exposições destas peças estiveram no Brasil em 2010.

            Na próxima semana falaremos mais especificamente sobre estas técnicas da época.

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