Leslie Aloan, Presidente do INASE
A saúde no Brasil
praticamente inexistiu nos tempos de colônia. As formas de assistência à saúde ocorriam
através do pajé, com suas ervas e cantos, a medicina dos jesuítas e os
boticários, que viajavam pelo Brasil Colônia. Antes da chegada da Família Real
ao Brasil, em 1789, havia no Rio de Janeiro apenas quatro médicos.
Além das enfermarias de
cuidados dos jesuítas, as únicas instituições desse período são as Santas Casas
de Misericórdia. É controversa a data de criação da primeira Santa Casa no
Brasil. Para alguns autores, teria sido a do porto de Santos fundada por Brás
Cubas (1507-1592) em 1543. Para outros, teria sido a da Bahia ou de Olinda.
Entre as descrições das
patologias e medicamentos utilizados no Brasil Colônia, destacam-se as
contribuições do médico naturalista Guilherme Piso (1611-1678), que participou,
como médico, de uma expedição nos anos 1637 - 1644 para o Brasil, com
patrocínio do conde Maurício de Nassau (1604-1679) que administrou a conquista
holandesa do nordeste do país entre 1637 e 1644. Ocorre o acúmulo de
conhecimento de espécies de uso medicinal, já conhecidas pelos jesuítas e
outros viajantes - as da farmacopeia europeia.
Com a chegada da
família real portuguesa, em 1808, para suprir as demandas da corte, foram
criadas as duas primeiras escolas de medicina do país: o Colégio
Médico-Cirúrgico no Real Hospital Militar da Cidade de Salvador e a Escola de
Cirurgia do Rio de Janeiro. Criticam os historiadores que estas duas medidas
foram as únicas atitudes governamentais
até a proclamação da República.
Apenas no primeiro
governo de Rodrigues Alves (1902-1906) que houve a primeira medida sanitarista
no país. O Rio de Janeiro não tinha qualquer saneamento básico e várias doenças
graves como varíola, malária, febre amarela e até a peste bubônica
espalhavam-se facilmente. O presidente nomeou o sanitarista Oswaldo Cruz para determinar
medidas de impacto na saúde do país. Numa ação policialesca, o sanitarista
convocou 1.500 pessoas para ações que invadiam as casas, queimavam roupas e
colchões. Sem nenhum tipo de ação educativa, a população foi ficando cada vez
mais indignada. E o auge do conflito foi a instituição de uma vacinação
anti-varíola. Assim a população iniciou a Revolta da Vacina. Oswaldo Cruz
acabou afastado.
Rui Barbosa disse sobre
a imposição à vacina: "Não tem nome,
na categoria dos crimes do poder, a temeridade, a violência, a tirania a que
ele se aventura, expondo-se, voluntariamente, obstinadamente, a me envenenar,
com a introdução no meu sangue de um vírus sobre cuja influência existem os
mais bem fundados receios de que seja condutor da moléstia ou da morte."
Carlos Chagas o sucede e
estrutura uma campanha rotineira de ação e educação sanitária.
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