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quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

A SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL - Parte I


Leslie Aloan, Presidente do INASE

A saúde no Brasil praticamente inexistiu nos tempos de colônia. As formas de assistência à saúde ocorriam através do pajé, com suas ervas e cantos, a medicina dos jesuítas e os boticários, que viajavam pelo Brasil Colônia. Antes da chegada da Família Real ao Brasil, em 1789, havia no Rio de Janeiro apenas quatro médicos.

Além das enfermarias de cuidados dos jesuítas, as únicas instituições desse período são as Santas Casas de Misericórdia. É controversa a data de criação da primeira Santa Casa no Brasil. Para alguns autores, teria sido a do porto de Santos fundada por Brás Cubas (1507-1592) em 1543. Para outros, teria sido a da Bahia ou de Olinda.

Entre as descrições das patologias e medicamentos utilizados no Brasil Colônia, destacam-se as contribuições do médico naturalista Guilherme Piso (1611-1678), que participou, como médico, de uma expedição nos anos 1637 - 1644 para o Brasil, com patrocínio do conde Maurício de Nassau (1604-1679) que administrou a conquista holandesa do nordeste do país entre 1637 e 1644. Ocorre o acúmulo de conhecimento de espécies de uso medicinal, já conhecidas pelos jesuítas e outros viajantes - as da farmacopeia europeia.

Com a chegada da família real portuguesa, em 1808, para suprir as demandas da corte, foram criadas as duas primeiras escolas de medicina do país: o Colégio Médico-Cirúrgico no Real Hospital Militar da Cidade de Salvador e a Escola de Cirurgia do Rio de Janeiro. Criticam os historiadores que estas duas medidas foram as únicas atitudes  governamentais até a proclamação da República.

Apenas no primeiro governo de Rodrigues Alves (1902-1906) que houve a primeira medida sanitarista no país. O Rio de Janeiro não tinha qualquer saneamento básico e várias doenças graves como varíola, malária, febre amarela e até a peste bubônica espalhavam-se facilmente. O presidente nomeou o sanitarista Oswaldo Cruz para determinar medidas de impacto na saúde do país. Numa ação policialesca, o sanitarista convocou 1.500 pessoas para ações que invadiam as casas, queimavam roupas e colchões. Sem nenhum tipo de ação educativa, a população foi ficando cada vez mais indignada. E o auge do conflito foi a instituição de uma vacinação anti-varíola. Assim a população iniciou a Revolta da Vacina. Oswaldo Cruz acabou afastado.

Rui Barbosa disse sobre a imposição à vacina: "Não tem nome, na categoria dos crimes do poder, a temeridade, a violência, a tirania a que ele se aventura, expondo-se, voluntariamente, obstinadamente, a me envenenar, com a introdução no meu sangue de um vírus sobre cuja influência existem os mais bem fundados receios de que seja condutor da moléstia ou da morte."

Carlos Chagas o sucede e estrutura uma campanha rotineira de ação e educação sanitária.

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