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quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

A SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL - Parte II

Leslie Aloan, Presidente do INASE

Pouco foi feito na atenção à saúde pública depois do começo do século XX. Apenas com a chegada dos imigrantes europeus, que formaram uma massa crítica de operários do Brasil, com a Revolução Industrial, começaram a aparecer as manifestações com fortes formas de pressão, como greves e um modelo de assistência médica para a população desfavorecida.

Assim, em 1923, surge a lei Elói Chaves, criando as Caixas de Aposentadoria e Pensão. Essas instituições eram mantidas pelas empresas que passaram a oferecer esses serviços aos seus funcionários. A União não participava das caixas. A primeira delas foi a dos ferroviários. Elas tinham entre suas atribuições, além da assistência médica ao funcionário e à família, concessão de preços especiais para os medicamentos, aposentadorias e pensões para os herdeiros. Detalhe: essas caixas só valiam para os funcionários urbanos.

Com a Revolução de 1930, Getúlio Vargas cria o Ministério da Educação e Saúde e as caixas são substituídas pelos Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAPs), que com o modelo sindicalista de Vargas deixam de ser dirigidas pelas empresas, passando esta atribuição para as entidades sindicais. O primeiro IAP foi o dos marítimos. A União continuou se eximindo do financiamento do modelo, que era gerido pela contribuição sindical, instituída no período getulista.

Foram tomadas medidas sanitaristas como a criação de órgãos de combate a endemias e normativos para ações sanitaristas. Vinculando saúde e educação, o ministério enfatizou a educação e a saúde continuou com investimentos irrisórios.
Em 1964, com a implantação da ditadura militar no Brasil, uma das metas da saúde pública brasileira passou a ser a unificação dos IAPs, como forma de tornar o sistema mais abrangente.

A Lei Orgânica da Previdência Social unificava os IAPs para os celetistas, e excluía trabalhadores rurais, empregados domésticos e funcionários públicos. É a primeira vez que, além da contribuição dos trabalhadores e das empresas, definia-se efetivamente uma contribuição do Erário Público. No entanto, essas propostas não se efetivavam, e foi somente em 1967 que ocorreu a unificação de IAPs e a consequente criação do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS). Surgiu então uma demanda muito maior que a oferta. Ocorrem os convênios com a iniciativa privada pelos serviços prestados à população. A estrutura foi se modificando e acabou por criar o Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS) em 1978, que ajudou nesse trabalho de intermediação dos repasses para a iniciativa privada.
Em 1972, surge a primeira entidade de representação dos sanitaristas brasileiros, a Associação Paulista de Saúde Pública.

Destes convênios, de 1969 a 1984, o número de leitos privados cresceu cerca de 500%. Era um modelo criado pelo regime militar, pautado pela filosofia da medicina curativa. Poucas medidas de prevenção e sanitaristas foram tomadas. A mais importante foi a criação da Superintendência de Campanhas da Saúde Pública (Sucam).

Em 1981, é criado o Conselho Consultivo de Administração da Saúde Previdenciária (CONASP). Surgem outros órgãos que incluem a participação da sociedade civil como o Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional dos Secretários Municipais de Saúde (Conasems).

É nesse período que se cria e se fortalece o subsistema de atenção médico-suplementar. Começa a era dos convênios médicos. Surgem cinco modalidades diferentes de assistência médica suplementar: medicina de grupo, cooperativas médicas, autogestão, seguro-saúde e plano de administração.


A população adere rapidamente, e o crescimento dos planos é vertiginoso. Ao lado dessas mudanças, os constituintes da transição democrática começaram a criar um novo sistema de saúde que mudou os parâmetros da saúde pública no Brasil, o SUS, já abordado anteriormente.

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