Leslie Aloan, Presidente do INASE
Comemorado em 14 de agosto, o Dia do Cardiologista
surgiu em 2007. A data foi escolhida pela Sociedade Brasileira de Cardiologia.
No Brasil, foi Carlos Chagas e outros médicos que diagnosticaram a cardiopatia
chagásica, realizaram os primeiros estudos sobre doenças no coração e trouxeram
o primeiro eletrocardiógrafo para o Brasil.
A Cardiologia é uma das áreas da medicina mais conhecidas pela sociedade e
também uma das mais divulgadas nos meios de comunicação.
A Cardiologia hoje oferece três tipos de tratamento: o
clínico, a cirurgia cardíaca e a cardiologia intervencionista.
Fica a nossa homenagem a todos os cardiologistas, No
entanto, como especialista em cardiologia intervencionista, apresento uma
rápida história deste ramo da Cardiologia, apresentado no Congresso da Academia
Brasileira de História da Medicina, em 2009, na Academia Nacional de Medicina.
Uma rápida história da Cardiologia
Intervencionista
Em
2005, por ocasião das comemorações dos 50 anos da Sociedade de Cardiologia do
Estado do Rio de Janeiro (SOCERJ), o autor foi convidado a escrever o Editorial
comemorativo “Considerações Históricas sobre a Cardiologia no Estado do Rio de
Janeiro. Historical Considerations on Cardiology in Rio de Janeiro State”, onde
apresentou os principais marcos da evolução da especialidade.
Evolução da Medicina. Grandes Marcos da Cardiologia
10
de julho de 1893: Daniel Hale Williams, operou com sucesso no Hospital
Provident de Chicago um paciente de 24 anos esfaqueado no coração.
1905:
Fritz Bleichroeder, introduz cateteres em suas próprias veias até perto do
coração
1929:
Werner Forssmann atinge a AD com estes cateteres e tem o crédito do primeiro
cateterismo cardíaco no mundo.
1959:
Mason Sones inicia a coronariografia, em Cleveland.
1967:
André Favaloro realiza a primeira revascularização miocárdica, em Cleveland.
16
de setembro de 1977: Andreas Gruntzig realiza a primeira angioplastia no Mundo
No Mundo, em 1844, Claude Bernard cateterizou o ventrículo
esquerdo e direito de cavalos, via retrógrada, utilizando a via jugular e
carótida.
Foi
o primeiro a realizar o cateterismo e a estabelecer a fisiologia cardíaca como
é definida hoje.
Em
1905, Freis Bleichroeder começa a história da investigação invasiva em
cardiologia, quando introduziu sondas em suas próprias veias, e por isso merece
o crédito de pioneiro, embora este seja atribuído ao jovem estudante de
Medicina Werner Forssmann, de 25 anos, que em 1929 em Eberswalde, Alemanha,
repetiu este feito, e o registrou por
radiografias de tórax a sonda atingindo a aurícula direita. Este autor recebeu o Premio Nobel de Medicina
em 1956.
Werner Forssmann
Nos
anos 40, André F. Cournand e Dickinson Richards desenvolvem o cateterismo
direito, aplicando-o rotineiramente. Em 1956, Cournand compartilha o Prêmio
Nobel com Werner Forssmann.
André F. Cournand
e Dickinson Richards
Em
1959, Mason Sones inicia a coronariografia seletiva na Cleaveland Clinic e em
16 de setembro de 1977 em Zurich, Gruntzig realiza a primeira angioplastia no
mundo, inaugurando a era da Cardiologia Intervencionista.
Primeira
angioplastia no mundo
Em junho de 1979 foi realizada uma
reunião histórica no NIHBL, Bethesda, com 34 Centros USA/Europa, com 631 casos
apenas realizados no Mundo, e criado o Registro de PTCA do NIHBL, publicado no Proceedings
on PTCA, March 1980. Este Registro monitorou a técnica oferecendo diretrizes. Avançam
as intervenções percutâneas coronarianas, com Costantino Costantini, Curitiba,
realizando o primeiro caso no Brasil, em 1979.
A angioplastia com implante de
stents metálicos segue-se então:
1986: Primeiro stent
implantado no Mundo (Sigwart, Wallstent).
1987: Primeiro stent no
país ( Eduardo de Souza, PalmazShatz).
Angioplastia com implante de stents
farmacológicos:
2001: Estudo FIM
(Eduardo de Souza, SP).
As valvoplastias por procedimentos
percutâneos desenvolveram-se sobremodo nos anos 80, com valvoplastia mitral e
pulmonar, para as estenoses destas valvas. O Implante de valvas percutâneamente
iniciou-se em 2002 com Alain Cribier
implantando a valva
Cribier-Edwards (Edwards Lifesciences Corporation, Irvine, Califórnia) e em julho de 2006, Grube empregou pela primeira vez em um ser
humano uma prótese valvar aórtica
auto-expansível ( CoreValve ) inserida via arterial retrógrada.
No Brasil, apenas no início dos anos 30 a Cardiologia começa a
surgir como área de interesse em nosso país.
As publicações são eventuais. A Sociedade Brasileira de Cardiologia
(SBC), foi criada apenas em 1943, em São Paulo, iniciando a Cardiologia como
especialidade no Brasil, com médicos fundadores ilustres como Edgard Magalhães
Gomes, Alcir de Belo Campos, Pimenta Bueno, Waldemar Deccache, Luiz Feijó,
Emiliano Gomes, Genival Londres, Vieira Romero e Dante Pazzanese. As publicações regulares somente ocorrem a
partir de criação dos Arquivos Brasileiros de Cardiologia, em 1948. A Sociedade de
Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro é fundada em 1955. Em 1945, Horácio K.
Melo publica na Revista Médica Paulista um artigo intitulado
“Angiocardiografia”. Computa-se a ele o primeiro artigo da especialidade no
país.
Eduardo de Souza realiza a primeira
coronariografia no país em 1966, no Instituto Dante Pazzanese. Em 2 de dezembro
de 1976, em Guarujá (SP) é criado o Departamento de Hemodinâmica e
Angiocardiografia da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Em 1980,
Leslie Aloan et al. publicam o primeiro livro na especialidade em português -
“Hemodinâmica e Angiocardiografia: Obtenção de Dados, Interpretações e
Aplicações Clínicas”.
Em 1993, em Belo Horizonte, por
ocasião do XLIX Congresso da SBC, este Departamento transforma- se na Sociedade
Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (SBHCI).
Em 1996,
Leslie Aloan, cria a Sociedade de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista
do Estado do Rio de Janeiro (SOHCIERJ) Dos 35 membros efetivos à época, a SOHCIERJ
congrega hoje mais de 160 membros, e perto de1000 congressistas participaram do
último evento em 2011.
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